Antes de começar a falar sobre sintomas e diagnóstico desse transtorno tão comentado nos últimos tempos, é preciso afirmar que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é real, e não se trata de uma condição que afeta apenas crianças. Com a ampla divulgação do TDAH nas redes sociais, muitas pessoas têm se questionado se possuem o transtorno, pois, de acordo com o que é falado na maioria dos canais de informação, os sintomas são: esquecimentos frequentes, falta de foco, procrastinação e desorganização. Numa análise superficial da rotina de qualquer adulto, de acordo com esses sintomas divulgados displicentemente, é possível dizer que, praticamente todo mundo tem TDAH!
No livro “Vencendo o TDAH, adulto”, do autor Russel A. Barkley, é possível encontrar dados de pesquisas da faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts, onde um estudo longitudinal, ou seja, que foi feito ao longo da infância, adolescência e vida adulta dos participantes, mostrou que os indivíduos diagnosticados durante a infância, permaneceram com os sintomas durante a vida adulta, mesmo que esses sintomas tenham aparentemente diminuído. O livro também revela dados sobre o diagnóstico, o tratamento, os prejuízos causados pelo TDAH entre outros dados muito relevantes para quem está buscando aprofundar os conhecimentos de maneira objetiva e didática.
Os sintomas do TDAH vão além desses básicos mencionados acima, e existe, inclusive,
uma escala de 9 comportamentos para desatenção e 9 para hiperatividade, que auxiliam no diagnóstico, ela é chamada de Escala ASRS -18 . Nesta escala, se você identificar ao menos 4 desses comportamentos em você, já é suficiente para que busque uma avaliação profissional.
Para que seu diagnóstico seja feito corretamente, é necessário se atentar ao profissional que irá realizar a avaliação. Apenas os psicólogos, neuropsicólogos e psiquiatras são habilitados para fazer a análise correta. A escala não é suficiente para definir se você tem ou não TDAH, fatores como a frequência dos sintomas e os prejuízos causados por eles ao longo da vida, são essenciais para o enquadramento de acordo com o DSM -V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Durante as consultas de avaliação, o profissional irá coletar todos os dados da sua vivência com os sintomas desde a infância. O TDAH consiste basicamente em problemas em três áreas diferentes que você pode experienciar das seguintes maneiras:
Curta duração da atenção ou falta de persistência nas tarefas;
Capacidade prejudicada para controlar impulsos e adiar gratificação;
Atividade excessiva ou desproporcional ou atividade que seja irrelevante para a tarefa imediata.
O que difere um adulto com TDAH dos demais, é a frequência consideravelmente maior com que eles exibem as características comportamentais mencionadas. A distrabilidade, a incapacidade de concentração e demais problemas são tão intensos e constantes, que atingem níveis inapropriados para seu grupo etário.
Em relação aos prejuízos causados, é comum que os sintomas afetem diversas áreas da vida, como por exemplo: os relacionamentos conjugais, organização financeira, desempenho profissional, entre outros. Se o adulto enfrentou situações desagradáveis que acarretaram em perdas, rompimentos ou constrangimentos nessas áreas, por conta da desatenção, descontrole e impulsividade, é possível que o diagnóstico tenha dados de experiências de vida suficientes para indicação de tratamentos que conciliam psicoterapia com intervenção medicamentosa.
O médico psiquiatra é o único profissional autorizado a receitar medicamentos para o tratamento de doenças e transtornos mentais e psicológicos, portanto, cuidado ao ser indicado a consumir qualquer remédio sem o devido acompanhamento clínico!
Como o TDAH é classificado no DSM-5? Segundo o DSM-5, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento, que são caracterizados por dificuldades no desenvolvimento que se manifestam precocemente e influenciam o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal. São cinco os critérios diagnósticos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013):
CRITÉRIO A– Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere com o funcionamento ou desenvolvimento. Em ambos os domínios seis (ou mais) sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, em um grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento, e tem um impacto negativo diretamente sobre as atividades sociais e acadêmicas/profissionais.
CRITÉRIO B – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem estar presentes antes dos 12 anos de idade.
CRITÉRIO C – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem estar presentes em dois ou mais contextos (por exemplo, em casa, na escola ou trabalho, com os amigos ou familiares; em outras atividades).
CRITÉRIO D – Há uma clara evidência de que os sintomas interferem ou reduzem a qualidade do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
CRITÉRIO E – Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso da esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por exemplo, transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno de personalidade).
Outros distúrbios de neurodesenvolvimento comuns incluem distúrbios do espectro do autismo, distúrbios de aprendizagem (por exemplo, dislexia) e deficiência intelectual.
Thalita Gomes
Psicóloga
CRP: 103709
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